às vezes eu paro pra pensar em como o romance que consumi a vida inteira simplesmente estragou meu cérebro. fui criada acreditando que o amor era como nos filmes: encontros perfeitos, gestos românticos grandiosos, pessoas que sempre sabem o que dizer e quando dizer. só que… não é. nunca foi. e acho que boa parte da minha frustração amorosa vem justamente de ter acreditado nisso por tanto tempo.
é difícil crescer vendo romances da disney ou em todas essas comédias românticas dos eua e esperar que aconteça aqui no brasil, onde somos uma cultura totalmente diferente (graças a deus).
estava pensando arduamente sobre o tipo de romance que consumi na minha vida inteira e o tipo de cara que nos é apresentado é completamente desproporcional ao nosso padrão cultural.
talvez grande parte da frustração seja idealizar os caras como os homens de uma cultura e padrão social totalmente divergente do que encontramos a nossa volta. também percebo isso na questão de sair. os encontros nos filmes sempre são tão divertidos e românticos e aqui tudo que seu namorado pode fazer é te levar a um bom restaurante ou ao shopping. sei que existem muitos lugares legais, mas a realidade é que nem todo mundo vai ter esse acesso.
e ai entra o dinheiro, sempre o maldito capitalismo. nos filmes, os caras têm carro, jantam em restaurantes caríssimos, fazem surpresas absurdas. mas ninguém te conta que ele provavelmente tem uns 30 anos, já tem uma carreira consolidada, ou é sustentado pelos pais ricos, porque, sim, grande parte dos personagens vive numa bolha de classe média alta norte-americana. não é só sobre romantismo, é sobre um estilo de vida que simplesmente não é a realidade da maioria das pessoas, principalmente aqui no brasil.
quando a gente cresce assistindo isso, começa a achar que amor de verdade vem acompanhado de viagens, presentes caros e experiências cinematográficas, quando, na prática, às vezes amor é só um almoço em casa, um cinema e olhe lá.
a questão toda é sobre como nossa mente foi moldada a querer algo quase impossível.
fico me perguntando se esses relacionamentos da internet são reais, e chego à conclusão que em partes até pode ser, mas como já disse anteriormente, é um recorte do que de fato é. há muitas camadas.
uma solução pro meu pensamento mudar um pouco foi consumir conteúdo de outras culturas. observar como os relacionamentos realmente mudam a partir de experiências culturais. consumir conteúdo nacional é ver a olho nu como todo relacionamento é igual, que a frustração é apenas um reflexo de um desejo inalcançável. digo isso pensando mais na idealização do romance, dos lugares, dos diálogos.
no filme um princípe encantado e na realidade um cara normal cheio de problemas como qualquer outro. a realidade é mesmo cruel.
o perigo de tudo é que o romance hollywoodiano nos forçou a moldar o pensamento de que há finais felizes.
mas como se os filmes são meticulosamente programados a terminarem num momento feliz? o que acontece depois?
acreditamos que não haverá mais brigas sobre aquele assunto, quando a realidade é que falamos a mesma coisa até superamos, pensamos que só terá momentos felizes, mas a vida é imprevisível e inconstante.
marcela ceribelli fala em seu livro sintomas: o amor está sempre a uma estação de distância, ele vale qualquer sacrifício, e o final feliz só é feliz se nos convencer de que o que vem depois dos créditos não importa.
os finais felizes são mentiras inventadas para acreditarmos que o que se continua quando o filme acaba é a felicidade genuína. que besteira
e mais do que assistir filmes diferentes, ou consumir coisas diferentes para tentar desestruturar um pouco do nosso jeito de pensar. é observar os amores que conhecemos, olhar ao redor e descobrir no cru e no real que o amor acontece. e parar de acreditar que existe essa coisa de finais felizes e felizes para sempre é verdade.
como há finais felizes se a vida continua?
Por isso que muita gente acha que é impossível viver um romance (Desse tipo que é apresentado em filmes, pode ser sim impossível na realidade de muitas pessoas)
Essa visão que vc trouxe até me deu a vontade de escrever uma história que se passa no nosso contexto, ou pelo menos da maioria: um cara humilde, que tem seu trabalho cansativo, mas ainda assim usa do seu tempo livre pra cortejar sua garota: levando ela pra sair pra tomar pastel com caldo de cana e soltar cantadas ruins. E sua garota se apaixona por esse jeito simples mas encantador de levar a vida, assim como ele, a garota deseja construir uma vida ao seu lado, passando pelos perrengues da vida.
Kkkk Bom, essa é a essência, irei parar por aqui se não vou escrever a história inteira
das coisas q aprendi na terapia: queremos alguém perfeito mas nós mesmos não somos e é sobre isso